Fora da cidade
Fora da cidade envelheço devagar dando por isso. Aqui no campo sou eu e o meu corpo também, juntos no esforço de revolver a terra mesmo sem propósito. Aqui no campo sou os dedos feridos e enregelados de andar em cima das oliveiras a cortar ramos selvagens. Sou o peso saudável nas costas ao final do dia. Em suma sou do outro lado do espelho uma imagem familiar, reconhecível.
Fora da cidade sou a gestão dos silêncios. Aqui no campo, uma casa de pedra é o meu sofá onde peso cada minuto passado, devagar, como na verdade o tempo se passa. Aqui no campo estou mais próximo do que sinto; a chuva não é triste, é o meu alimento, a noite não é uma angústia, é o repouso.
domingo, abril 23, 2006
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